CHAI-NA
2011
Sinopse
Redigido há mais de 10 anos, o livro de Otília Arantes, Chai-na, motivado à época, de forma mais imediata, pelos megaempreendimentos urbanos e arquitetônicos, “alavancados” em grade parte por eventos como as Olimpíadas de Pequim de 2008, ou a Expo Internacional de Xangai, em 2010, além de um documento histórico, acreditamos poder ser lido como, de certa forma, uma antecipação do que estamos assistindo hoje – algo como um diagnóstico cifrado do que viria a ocorrer com o crescimento desenfreado da China. O próprio título Chai-na (demolir-aí em mandarim), já anuncia que se trata de uma leitura pelo avesso da tão alardeada modernização chinesa. Segundo Otília Arantes, a máxima de Mao Tse Tung – “sem destruir não se constrói” – que servira de álibi para a desurbanização do país, ressuscitou, a partir dos anos 90, com sinal trocado, para a reconquista das antigas cidades e criação de novas. Tudo isso, numa espécie de avalanche de proporções ciclópicas, com a mesma violência das ocupações, desde sempre predatórias, de territórios alheios. Que grandes projetos ou megaeventos, como Olimpíadas, sirvam de pretexto, não chega a ser uma novidade, não fosse a escala e a rapidez com que uma tal criação-destrutiva se processou, em sua fúria, por assim dizer, compulsiva. Trata-se, portanto, de um ensaio sobre a máquina chinesa de crescimento, cujo fundo falso revela os grandes fetiches urbanos que, apesar de tudo, sobreviveram até agora, ao menos até o despertar do sonho chinês, de uma Great Leap Forword, para um cenário de catástrofes. Partindo de antigas experiências de mundos sonhados que foram desmoronando ao longo de mais de um século de “ruínas do futuro”, o livro Chai-na procura interpretar o que estava acontecendo na Nova China, tanto quanto com as fantasmagorias do nosso tempo, expressas nas suas formas urbanas extremas. Nas palavras de Adrián Gorelik, em resenha para a Vitruvius, talvez se possa lê-lo como “uma fábula benjaminiana sobre o mundo atual”.
Trata-se de uma reprodução da edição da EDUSP (em fac-símile, à diferença da maioria dos demais volumes do site), na intenção de preservá-la na sua forma original, inclusive em seu projeto gráfico (de Carol Pedro, responsável também pela revisão final desta edição virtual), dada a importância que tem no livro, onde as imagens não são apenas ilustrações pontuais, mas compõem algo como uma narrativa visual complementar, que torna a forma do livro quase tão essencial quanto o texto.
Palavras-chave: China, Deng Xiaoping, Era das reformas, Evil Paradises, Fredric Jameson, Herzog & De Meuron, Hiperurbanização, Koolhaas, Mao-Tse-Tung, Máquinas de crescimento, Moscou, Olimpíadas, Paris capital do século XIX, Pequim, Perestroika, Ruinas do futuro, Sonho americano, Susan Buck-Morss, Walter Benjamin, Xangai, Zonas Econômicas especiais.
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